Cama quebrada (relatos da humana que vive dentro da Rosa)
Ah, os relacionamentos humanos! Surpreendentes e frustrantes, incômodos, mas afinal, essenciais.
Relacionar-se com os humanos é como tentar desfrutar de uma maravilhosa noite de sono e descanso numa cama quebrada: é preciso extrema abstração, concentração e, acima de tudo, cansaço!
A bem da verdade, quem é capaz de deixar-se deitar com confiança em uma cama em tal estado? Não, só resta aos pobres seres humanos uma infindável noite mal dormida, o desejo insatisfeito de alento, de abandono das resistências eternas para enfrentar o passar dos dias.
Porém, em dias de carestia, não se despreza uma cama velha e falida: ela ainda é mais confortável que a frieza de um chão duro, e além do mais, os homens ainda não aprenderam a dormir em pé; eles ainda precisam de um apoio para os momentos de fraqueza e cansaço.
Mas eu, que em última análise sou uma mera flor, não me conformo. Já que a ciência e a sabedoria emanam dos seres humanos, técnicas é o que não faltam para os reparos. Refletindo melhor, acho que estou sendo tola: isto não é uma questão de idéias, é uma questão de sentimentos.
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