Diário de Um Jardim

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sábado, setembro 25, 2004

A Rosa e o Inalcançável

Sempre me parece que estou mais aquém da perfeição do que qualquer outro ser. E isso me abala; fere; machuca. Porém, a constatação de tal fato estranhamente não me faz esmorecer; no entanto, não posso negar: muito me cansa.
Cansa-me terrivelmente andar o dobro da distância em meu caminho imaginário, carregar um fardo mais pesado, abster-me mais radicalmente de tudo, para simplesmente quase chegar ao lugar ao qual todos já chegaram.
A dádiva que tanto almejo alcançar é, para todo o restante do jardim, o cotidiano. E isso cria em mim o desejo de voltar a ser semente, ou pelo menos um broto, um brotinho capaz ainda de escrever e decidir toda a sua vida; para aprender a ser como o jardim, fazer a sua essência inerente à minha.
E eu olho o jardim. Contemplo o seu triunfo, mas não há nada em mim.
Conheço muito pouco os seres humanos. Porém, acho que eles tipicamente chamariam meus sentimentos de "uma pedra no sapato". Uma coisa que incomoda.
Já vi um sapato. Já vi um homem com sapato. Já vi um homem com uma pedra no sapato. Ele fica inquieto , desconfortável. Retira o sapato e dá-lhe uma sacudidela.
Mas não existem sapatos para rosas. Só existem raízes. E nas minhas, há pedras.
Envergonho-me do meu egocentrismo. Não sou eu apenas uma flor no à beira do caminho?

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