Diário de Um Jardim

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sexta-feira, julho 22, 2005

Diálogos monologados da Rosa acerca dos assuntos mais propositadamente sem propósitos (verdades difíceis de confrontar)


Eu gosto do que não existe. Talvez até mais do que quase tudo o que é.
Julgar-me-ás? Não sejas tolo: o que não existe é sempre mais conveniente, e pode, enfim, levar-nos àquele estado de felicidade que almejamos; afinal, na inexistência nada é tão complexo, ou tão previsível, para que esta vida imaginada não seja o tédio ou a loucura diária. Mas por que digo "diária"? Não se necessita destes subterfúgios temporais na dimensão inexistente, que pode até existir e desexistir, se for o caso.
E qual o caso?
Não sei, talvez amar infinitamente (tens licença para me chamares de tola agora: amor existe!).
Não te enganes! Meu amor é só meu, apêndice de mim, ou eu dele. E se é só meu e só se revela a mim, somente eu de fato afirmo a sua existência. Enfim: não é verdade universal, embora em mim seja o próprio universo. Assim sendo, se só eu sei que ele existe, será que não o inventei? Ninguém nunca saberá. Que importa? Quem poderá dizer que há, por exemplo, uma pessoa que não existe? E quem poderá dizer que não é exatamente esta pessoa a quem amarás ainda com toda a tua alma? Espero profundamente que a encontres.
Acabei por confundir-me. Não me dei por vencida, no entanto. A não-existência é contraditória, mas não menos que esta medíocre realidade que nos tentam acreditar. Esta, sim, é que não existe!
Não: melhor que exista! Porque volto a afirmar: eu gosto deveras do que não existe.

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