Diário de Um Jardim

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domingo, agosto 21, 2005

Flor-de-janela

Fico a pensar como pode o mundo girar, e nos deixar no mesmo espaço, mas não no mesmo lugar; pois sei que me tornei uma flor-de-janela, das mais típicas e singelas e distantes de tudo. De todos.
Será que fui mesmo arrancada de minha antiga realidade e plantada num vaso de barro com enfeites simples, e posta no parapeito de uma janela com lindas cortinas coloridas, assim sem nem me dar conta, como que num surto em que me perdi?
Não tenho, afinal, uma resposta. Sei apenas que me sinto deveras distante do jardim, não sinto mais o calor das relações de amizade, mas que também gosto das cortinas, principalmente quando o vento as balança; assim elas me parecem lindas borboletas, com asas soberbas, num bailar que me iluminam, que me arrancam da tristeza de conhecer e desprezar o impossível.
Já estou por demais avançada em idade para requerer do mundo uma perfeição que não lhe cabe; porém, ainda muito jovem para desprezar o fascínio que ela me causa, e para deixar de procurá-la num canto qualquer da vida. Num canto qualquer da janela.

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