Diário de Um Jardim

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domingo, maio 08, 2005

Dentre todos os tons de azul, este novo é o mais profundo

Ela não percebeu que eu a via. A culpa, porém, era minha. Afinal, eu não me esforcei em falar-lhe coisa alguma; nem um ínfimo gesto!
E eu estranhamente estava feliz. Uma orquídea azul agora fazia parte da realidade do jardim. E tal fato dizia muito a mim mesma: eu, que antes só encontrava sentido em rosas e girassóis e beija-flores e abelhas e caracóis, pude sentir, maravilhada, o poder da orquídea, daquela orquídea azul, única e digna de admiração, embora me parecesse estar no auge do seu langor.
E eu queria tanto dizer-lhe para não temer... porém eu a deixei sozinha durante toda a noite. Eu, que estou mais presa por minha insegurança do que por minhas raízes, queria apenas conseguir lhe dizer abertamente que se a vida fez dela parte do jardim, feliz eu a receberia como parte dele; que éramos apenas diferentes, mas mesmo assim oriundas da mesma matéria: sonhos e sentimentos.